Substância gozante

subversão e resolução lacaniana na clínica e na cidade dos discursos

Autores

  • Marcella Laboissière

DOI:

https://doi.org/10.31683/stylus.v1i50.1214

Palavras-chave:

Lacan, Discurso da ciência, Discurso do capitalista, Substância gozante, Criança generalizada

Resumo

Este artigo faz uma reflexão sobre o conceito de substância gozante, elaborado por Lacan em O Seminário, Livro 20, e sua inscrição no campo clínico e discursivo, e o que a subversão e a resolução do conceito representam para o saber humano e psicanalítico. O conhecimento de ciência moderna, criado a partir de Descartes, e a cisão entre res cogitans e res extensa, deixou marcas indeléveis, manteve o corpo foracluído da ciência e criou uma dicotomia discursiva. A íntima relação entre ciência e capitalismo é responsável por promover uma dupla rejeição – do sujeito e do gozo. Como efeito dessa aliança, Lacan, em 1966, um ano antes de designar a “criança generalizada”, destaca o aumento progressivo da “falha epistemossomática”, expressão que expõe o desnível epistêmico e o caráter disjuntivo entre saber e verdade, na qual o gozo se instala. A substância gozante, motivada pela lógica dos filósofos da Abadia de Port-Royal, foi o caminho encontrado por Lacan para subverter o modelo cartesiano – apontar que há outra forma de fazer ciência – e resolver o que nomeou como “erro sobre o ser”, na medida em que resgata e inclui o gozo no centro da experiência analítica e desterra o corpo do lugar do impossível. A proposta do artigo é refletir sobre “os sujeitos reduzidos a pedaços de corpos escrutinizados pelos discursos” e, ainda, extrair as consequências da substância gozante.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Alberti, S. (2024a). A criança generalizada na clínica e na cidade dos discursos. In Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano (Org.), Anais do XXIV Encontro da EPFCL-Brasil (pp. 5-7). Brasília: EPFCL-Brasil.

Alberti, S. (2024b). Comunicação oral. Espaço Escola do Fórum Brasília.

Barros, M. (1996). Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record.

Descartes, R. (2004). Discurso do método. Porto Alegre: L&PM Editores. (Trabalho original publicado em 1637)

Freitas, I. (2024). A criança generalizada na clínica e na cidade dos discursos. In Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano (Org.), Anais do XXIV Encontro da EPFCL-Brasil (pp. 3-5). Brasília: EPFCL-Brasil.

Lacan, J. (1967-1968). O seminário, livro 15: o ato psicanalítico. Inédito.

Lacan, J. (1993). A terceira (2a ed.). São Paulo: Perspectiva. (Trabalho original publicado em 1974)

Lacan, J. (1998). Situação da psicanálise e formação do psicanalista em 1956. In J. Lacan. Escritos (pp. 459-490). Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1956)

Lacan, J. (2001). O lugar da psicanálise na medicina. Opção Lacaniana, 32(10). (Trabalho original publicado em 1966)

Lacan, J. (2003). Proposição de 9 de outubro de 1967 sobre o psicanalista da Escola. In J. Lacan. Outros escritos (pp. 248-264). Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1967)

Lacan, J. (2003). Alocução sobre as psicoses da criança. In J. Lacan. Outros escritos (pp. 359-368). Rio de Janeiro: Zahar. (Trabalho original publicado em 1968)

Lacan, J. (2010). Encore. Edição não comercial destinada exclusivamente aos membros da Escola Letra Freudiana. (Trabalho original publicado em 1972-

-1973)

Lacan, J. (2018). Os não-tolos erram / Os nomes do pai: seminário entre 1973-1974. Porto Alegre: Fi (Trabalho original publicado em 1973-1974)

Pessoa, S. (2017). Algumas referências e reflexões sobre a lógica de Port-Royal a partir da exposição feita por François Recanati no seminário “Mais, ainda”. Livro Zero: Revista de Psicanálise, 8(1), 99-106. Recuperado de https://campolacanianosp.com.br/wp-content/uploads/2021/01/Livro-Zero-08.pdf

Quinet, A. (2011). A descoberta do inconsciente. São Paulo: Companhia das Letras.

Veloso, C. (1986). Tá combinado. Música gravada por Maria Bethânia e Gal Costa.

Downloads

Publicado

16-07-2025

Como Citar

Laboissière, M. (2025). Substância gozante: subversão e resolução lacaniana na clínica e na cidade dos discursos. Revista De Psicanálise Stylus, 1(50), pp. 33–42. https://doi.org/10.31683/stylus.v1i50.1214

Edição

Seção

TRABALHO CRÍTICO COM OS CONCEITOS