O corpo e a criança como objetos dos discursos

Resumo

O trabalho na clínica parte da escuta psicanalítica de um caso clínico de um adolescente de treze anos encaminhado com um pré-diagnóstico de dislexia. Nas investigações, observa-se que o sintoma não deve ser reduzido somente a questões cognitivas, mas se apresenta também como formação do inconsciente, de onde advêm os significantes constituídos da relação do sujeito a partir da linguagem, que adere ao corpo do sujeito o discurso do desejo do Outro. A análise do caso evidencia que o sintoma está articulado ao enlaçamento subjetivo da relação entre mãe e filho, revelando-se como resposta ao mal-estar familiar e à tentativa de tamponar a falta do Outro materno. O trabalho propõe reflexões sobre a prática generalizante dos diagnósticos, que tende a desconsiderar as formas de subjetivação e singularidade do sujeito e sua posição no discurso. Ao escutar o sujeito em sua história, o trabalho demonstra que o tratamento psicanalítico possibilita novos modos de funcionar mediante o saber e de invenção frente ao sofrimento. O estudo conclui que a psicanálise, ao não se sustentar na norma diagnóstica, promove uma clínica que respeita a subjetividade e implica o sujeito na construção de seu desejo.