Da “Criança generalizada” ao “Infantil singularizado”

nossa medida na ética

Resumo

Este trabalho explora o termo “criança generalizada” utilizado por Lacan em seu texto Alocução sobre as psicoses na infância, articulando-o com alguns impasses da psicanálise na contemporaneidade. Partindo da noção de discurso com o aparelhamento do gozo pela linguagem, o texto examina como o discurso capitalista, associado aos avanços tecnocientíficos, por um lado, desmembra o corpo para fazer dele objeto de troca e, por outro, promove identificações imaginárias que mascaram a falta estrutural. A criança generalizada é um efeito dessa conjuntura que deixa os sujeitos numa posição objetificada em relação ao que interpreta do desejo do Outro, seja através da demanda de reconhecimento, seja pela adesão a significantes prontos oferecidos pelo mercado. Em contrapartida, o texto propõe o “infantil singularizado” como possibilidade de uma saída ética - não como retorno à infância, mas como delimitação, a partir de uma análise,  daquilo que toca o real do sujeito em sua dimensão mais singular, permitindo o advento de um modo de vida que não se deixe colonizar pelos imperativos de gozo do capitalismo.