Usos e ABusoS do sexual
a sexualidade, ainda, entre transtornos e singularidades
DOI:
https://doi.org/10.31683/stylus.v1i50.1223Palavras-chave:
Abuso sexual, Clínica, Medicalização, Criança, Sexualidade infantilResumo
O termo “criança generalizada” pode ser usado para falar do lugar de ignorância e segregação dos corpos objetificados pela cultura dos diagnósticos e medicações, que no limite, pretendem modular o organismo e seu comportamento. Esse processo é tangenciado pela denominada medicalização da vida, que transforma fenômenos e contingências humanas em questões de saúde (na visada biomédica). Nesse rol está o tópico da sexualidade, que o artigo debate a partir de algumas questões clínicas na escuta de sujeitos envolvidos em experiências chamadas de abuso sexual. O texto aborda a especificidade da psicanálise e o desafio do trabalho com atores atravessados pela lógica medicalizante. Tal noção transversaliza também as condutas da educação, justiça e assistência social, quando transformam em problema médico a descoberta de um ato masturbatório na criança, por exemplo. A “criança generalizada” é também o adulto massificado pelas indulgências ofertadas diante da acomodação ao saber impresso pelo discurso dominante. O infantil, fato de estrutura, e atribuído à sexualidade por Freud, é inerente ao ser de fala, corte que humaniza a superfície do corpo. Mas as condições do tempo e do corpo, e do corpo no tempo de cada um também devem ser consideradas. Assim, uma criança e um adulto são sujeitos em diferentes condições e momentos em relação a seus próprios corpos no caminho da vida, por isso “criança não é mãe”, e a psicanálise sabe disso.
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