O juízo íntimo do analista

Autores

  • Gabriel Lombardi

DOI:

https://doi.org/10.31683/stylus.vi27.738

Palavras-chave:

Juízo íntimo, ato, supereu, desejo, destituição subjetiva

Resumo

Diversos trabalhos sobre o “pagar com palavras” na interpretação do psicanalista e sobre o “pagar com sua pessoa” em sua manobra na transferência já foram apresentados. Propomo-nos, neste artigo, a interrogar o “pagar com seu juízo íntimo” do analista, no plano de sua ação em que se decidem a ética da psicanálise e sua política a respeito do ato próprio do parlêtre. Neste nível, “sua ação sobre o paciente escapa-lhe junto à ideia que se faz dela”, escreve Lacan. Desenvolveremos duas linhas de perguntas. A primeira é o que quer dizer “pagar com seu juízo íntimo”, que diversas leituras ou acepções admitem essa expressão na obra de Lacan. De que modo o analista acede ou não ao conhecimento ético – em termos de Kant ou Brentano – de sua práxis e de suas consequências? De que modo haverá de talhar a noção de destituição subjetiva, introduzida anos depois da “Direção do tratamento”, junto à sua noção de ato analítico? A segunda atende a colocação à prova, por parte do analisante, das dificuldades do analista para realizar esse pagamento. De quais modos incide no processo analítico a dificuldade do analista para efetuar esse pagamento diante de distintos tipos clínicos do sintoma? Em parágrafos concisos, Lacan afirma que o psicanalista está sempre à mercê do analisante, que esse não pode poupar-lhe nada se ele tropeça como psicanalista, e, se não tropeça, menos ainda (Discurso pronunciado à EFP em 5 de dezembro de 1967).

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Biografia do Autor

Gabriel Lombardi

Médico. Doutor em Psicologia pela Universidade de Buenos Aires. AME da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano. Professor titular de Clínica de Adultos na Faculdade de Psicologia da Universidade de Buenos Aires e integrante da Comissão de Doutorado. Diretor do Serviço de Clínica psicanalítica da Universidade de Buenos Aires em Avellaneda. Pesquisador categoria I do Ministério da Educação da República Argentina. Autor de Clínica e lógica da auto-referência.

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Publicado

2013-10-11

Como Citar

Lombardi, G. (2013). O juízo íntimo do analista. Revista De Psicanálise Stylus, (27), pp. 60–73. https://doi.org/10.31683/stylus.vi27.738

Edição

Seção

TRABALHO CRÍTICO COM OS CONCEITOS